Dani Carvajal: "Gosto mais das pequenas coisas porque há alguns meses eu estava numa enrascada; agora estou feliz por ter sido convocado."

Dani Carvajal (Leganés, 33) se junta ao grupo de treinamento esta semana. Ele se recuperou da lesão no sóleo direito e pode até ser convocado para o Clássico. O capitão do Real Madrid, chefe daquele vestiário e chefe do vestiário da seleção, falou com o EL MUNDO após um evento publicitário de apresentação da bola de jogo, a primeira bola criada especificamente para uma partida pela LaLiga e pela Puma. Ele sorri, está tranquilo. Está feliz. Aos poucos, ele está esquecendo a gravíssima lesão no joelho sofrida há pouco mais de um ano, que o manteve fora dos gramados por muitos meses. Ele está de volta e veio para ficar.
Pergunta: Como você percebe que o clássico não é apenas mais um jogo?
Resposta: Tudo. O número de multas que te pedem, a quantidade de coisas que as pessoas te dizem na rua...
P. A série de derrotas contra o Barça no ano passado pesa muito sobre você?
R. Não é que seja um fardo, mas estamos ansiosos por vingança. De qualquer forma, ainda há um longo caminho a percorrer na liga. É um jogo, três pontos. Quer dizer, nada vai acontecer, ganhe ou perca, mas é verdade que, em um nível emocional, vencê-los seria algo importante para nós e para os nossos torcedores.
P. Bem, como você está se sentindo?
R. Bom, muito bom. Estarei com a equipe esta semana e imagino que estarei disponível no domingo.
P. Qual foi a parte mais difícil para você? Rodri disse que a parte mais difícil foi voltar a fazer os movimentos que ele costumava fazer naturalmente.
R: Sim, existem ações nas quais sua mente precisa pensar um pouco mais antes de realizá-las. Elas costumavam vir naturalmente, mas agora são mais difíceis. É como se sua cabeça estivesse lhe dizendo: "Eu consigo fazer este gesto, vamos ver como funciona este gesto...". É um processo temporário até que tudo volte a ser automático.
P. Você está com medo?
R. Não, eu não tenho, nem nunca tive. Alguns dias você fica mais irritado, outros menos. Mas concordo com De la Fuente quando ele disse que todos os jogadores de futebol sentem desconforto. Desconforto, sim, mas medo, não.
"Mentalmente, lidei com essa lesão melhor do que com todas as lesões e contratempos de 2021."
P. Como você tem estado mentalmente este ano?
R. Para ser sincero, está melhor do que 2021, quando tive muitas lesões e muitos contratempos. Desta vez, tem sido mais um processo de preparação mental, de dizer: "Tenho uma lesão grave, uma lesão de longa duração", e saber que é preciso passar por fases, encurtar o prazo... E é por isso que você se prepara mentalmente. Em 2021, foi muito pior, porque me machuquei, me recuperei, comecei a enxergar a luz e depois caí novamente. Foi muito mais frustrante, para ser sincero.
P. O que você aprendeu no ano passado?
R. Bem, para apreciar tudo muito mais. Aproveitar cada dia de treino, ir a cada jogo com o meu maior sorriso. Algo que eu talvez não soubesse fazer antes. Antes, eu não começava e voltava para casa com raiva. Agora não, agora, bem, eu encaro de forma diferente. Eu aprecio mais as pequenas coisas porque alguns meses atrás eu estava em apuros, e é por isso que agora estou feliz por ser convocado. Vendo o lado positivo das coisas. Aproveitando coisas que eu não valorizava antes.
P. Sua personalidade mudou?
R. Acho que as coisas mudaram na forma como falamos. Minha esposa e minha família sabem e se lembram perfeitamente de que eu costumava ficar muito bravo com tudo e exigir muito de mim mesmo. Mas agora aprecio as pequenas coisas, e isso me deixa um pouco mais feliz.
P. Você teve tempo para pensar no que fará quando o futebol acabar?
R. Não, porque agora não consigo imaginar minha vida sem futebol. Então, até eu me acostumar com isso, principalmente, vou lutar.

P. É uma pergunta um pouco óbvia, mas em quem você se apoiou?
A. Sem dúvida, minha esposa é quem mais me suportou este ano.
P. E qual foi o pior?
R. A dor — quer dizer, a dor pós-operatória, os primeiros 10 dias, duas semanas — era tremenda. Às vezes, eu tomava café da manhã com minha esposa e me lembro de ter que tomar remédios, cada vez mais fortes, a cada duas horas. Eu não conseguia dormir, não conseguia comer. Eu tentava descer para comer, mas durava dois minutos à mesa, e depois tinha que me deitar no sofá porque não suportava a dor. Essa era a parte mais difícil.
P. Você assistiu muito ou pouco futebol?
R. Bem, no começo, tive dificuldade em assistir futebol; eu queria me desconectar. Mas depois me deu vontade.
"Xabi é um treinador moderno que se adapta ao adversário. Gosto desse conceito."
P. Como você definiria Xabi Alonso como treinador?
R. Ele é um treinador jovem, e por jovem quero dizer um treinador com conceitos jovens, ansioso para se dedicar ao máximo aos jogos sem esperar. Um treinador que frequentemente se adapta ao adversário e muda, buscando a fórmula que, na sua opinião, causará mais estragos. Eu gosto dele.
P. Ele pediu sua ajuda?
R. Não se trata de pedir ajuda. Conversamos várias vezes, discutindo um pouco de tudo, o que eu achava que poderia ser melhorado no elenco, como ele via...
P. A polêmica em torno de Vinicius algum dia acabará?
A. Bom, cara, não sei, mas cadê a polêmica com o Vinicius no Getafe? Um jogador, com a bola do outro lado do campo, estica o braço e te acerta no pescoço e no rosto. Bom, acho que não tem mais o que discutir.
P. Como eles tentam ajudá-lo?
R. Tentamos fazer com que ele se concentre no futebol, porque quando ele está focado, ele é o melhor, um dos melhores.
P. Qual foi a melhor coisa que ainda não vimos de Mbappé?
R. Bem, ele é um cara fantástico. Ele entra no vestiário com um sorriso no rosto; ele se integra desde o primeiro minuto. Ele é um cara normal; não menospreza ninguém, e acho que isso é importante, considerando quem é o Mbappé.
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